sexta-feira, 27 de maio de 2016

Resenha: Tenha um pouco de Fé

No princípio houve uma pergunta. - Você faria meu discurso fúnebre? E como costuma acontecer com a fé, pensei que estivessem me pedindo um favor, quando, na verdade, era eu que o estava recebendo. Em seu primeiro livro de não ficção desde A última grande lição, Mitch Albom conta a história real de uma marcante jornada de oito anos entre dois mundos - dois homens, duas fés, duas comunidades. Depois de receber do rabino Albert Lewis o pedido para fazer seu discurso fúnebre, Mitch passa a visitá-lo nos fins de semana. Ao mesmo tempo que mergulha de volta no mundo de fé que havia deixado para trás, conhece Henry Covington, um ex-traficante e ex-dependente químico que se tornou pastor e agora tenta manter em Detroit uma igreja em ruínas e um projeto de assistência a moradores de rua. Movendo-se entre esses dois mundos - cristão e judeu, branco e negro, de fartura e escassez -, Mitch observa como homens tão diferentes usam a fé de forma muito semelhante: o rabino de um bairro nobre, para receber a morte que se aproxima, e o pastor de uma periferia carente, para manter de pé a si mesmo e sua igreja. Nas realidades desiguais, questões em comum se revelam: como enfrentar as dificuldades; o que é o céu; Deus e a importância da fé. Por trás de textos, preces e narrativas de cada grupo, a unidade entre os dois mundos transparece. Tenha um pouco de fé é a trajetória de um homem em busca da crença superior que nos une, uma história sobre o sentido da vida, sobre a perda da fé e sobre ser resgatado por ela. É também um convite à reflexão: e se a religião, em vez de construir barreiras, forjasse elos entre nós?

  


Nunca um livro me tocou tanto como este " Tenha um pouco de Fé", quando comecei a ler eu esperava um desses livros de religião, que fala sobre suas doutrinas e fica tentando te "ensinar"como você deve seguir a Deus. Mais me surpreendi com a história real de Mitch Albom, que foi convidado pelo seu Rabino ( Albert Lewis), ou o Rebbe, como ele o chamava,  para fazer seu discurso fúnebre.
  O Rebbe foi o personagem que mais me tocou, mesmo estando próximo de partir, era uma pessoa absurdamente alegre, onde sempre respondia as pessoas cantando. Com ele ri e até chorei ( e olha que nunca chorei lendo um livro). Ele acreditava em Deus acima de tudo, e mesmo sendo Judeu e tendo sofrido bastante na infância, acreditava que podemos construir pontes entre as religiões ao invés de barreiras. Sinceramente gostaria muito de ter conhecido alguém tão espirituoso, alegre, e que acreditava que as pessoas tem que manter o contato físico ao invés de somente o virtual ou telefone , como o Rebbe.

" Perguntei, agora que seus dias estavam se acabando, até que ponto o ritual ainda era importante.
É vital - ele disse.
Mas porquê ? Bem no fundo o Senhor conhece suas convicções.
-Mitch, a fé tem a ver com ações. Você é o modo como age, não apenas o modo como acredita. "

  Este livro nos leva a reflexão a todo momento, sobre a forma como as pessoas vivem se afastando de Deus, o que existe após a morte, guerras religiosas, a discriminação e a nossa incapacidade de acreditar que uma pessoa que foi ruim no passado, cometeu vários deslizes no mundo do crime, possa se tornar alguém tão temente a Deus, dar tantos exemplos de fé e ajudar tantas pessoas. Sua leitura é muito fluida e desenvolve muito rápido, acho que justamente por a gente se envolver tanto com a história. Este livro é para todos nós e principalmente aquele que não acredita em nada, não é mais um livro sensacionalista, é um livro que faz refletir sobre a vida com uma pitada de humor. Uma história que nos leva a perceber que o que nos move é a Fé. Mesmo que você não acredite em Deus, com certeza acredita em algo, e é essa crença que nos motiva a lutar para sermos pessoas melhores ( ou não ) e a acreditar que o mundo pode ser um lugar melhor.


Páginas: 240

Autor(a):  Mitch Albom
Editora: Sextante
Ano de Publicação: 2010