terça-feira, 25 de setembro de 2018

Garotas de Neve e Vidro



Garotas de Neve e Vidro
Lynet uma garota cheia de vida, que se sente presa a própria vida, por ser a imagem de sua falecida mãe, que morreu em seu parto. Lynet é lembrada constantemente dessa semelhança. Mas, apesar de ser a projeção visual perfeita da falecida rainha, Lynet preferiria ser forte e majestosa como sua madrasta, Mina. 
Mina cresceu acreditando ser incapaz de amar e ser amada, com a proximidade do aniversario de 16 anos de Lynet e a chegada de uma nova cirurgiã, tudo muda e ambas, Lynet e Mina, são colocadas em lados opostos. Lynet se depara com o dilema de talvez ter que enfrentar a única mãe que de fato conheceu... Garotas de neve e vidro traça a relação de duas mulheres fadadas a serem rivais desde o princípio – a não ser que redescubram a si mesmas e deem novo significado à história que lhes foi imposta. Este aclamado reconto feminista do clássico Branca de Neve nos leva a um mundo singelo e, ao mesmo tempo, maravilhoso – como nos contos de fadas. Uma releitura contemporânea para mantê-lo sempre atual e presente.




Reconto inovador da estória Branca de Neve. Quando digo inovador, se deve ao fato de quê, aqui não vemos uma estrutura chula onde a madrasta por ciúmes a beleza de sua enteada, deseja a todo custo sua morte.

O livro Garotas de Neve e Vidro é muito mais que um reconto, é uma melhoria significativa na maneira como vemos os contos de fadas. A forma como os acontecimentos são contados, não só faz mais sentido, se posto em comparação ao conto original. Como também cria um clima de tensão e empatia, pelas protagonistas.

A estrutura original tá toda lá, e as personagens originais tem suas motivações próprias que fazem todo sentido.
Somos apresentados a Lynet (No caso Branca de neve) uma garota cheia de vida, mas  que se sente presa em uma aparência que ela juga não ser dela. Pois Lynet é a cara da mãe, que faleceu em seu parto. Por esse motivo é sempre recordada da semelhança, como também de sua “suposta” fragilidade.

Em quanto isso conhecemos Mina (A madrasta). Mina Cresceu acreditando que não era capaz de amar alguém, e também ser amada.
Os motivos que são apresentados para tal é interessantes e bem amarrado. Temos a estória em dois momentos diferentes, quando Mina tem 16 anos. E próximo aos 16 anos de Lynet. É legal vê onde a estória da questão beleza entra para mover a trama.

Mais que isso, não temos aqui o ódio, muito menos uma disputa gratuita. Tanto Mina quanto Lynet, amam e admira uma a outra. E embora em determinado momento estejam em lados opostos, isso não faz diferença na relação que elas têm.

Vale ressaltar que existe romance, porém diferente da maioria dos livros que leio ele não é e nem tem a intenção de ser o foco (motivo pelo qual já faz minha nota do livro crescer) uma das minhas principais queixas em relação a qualquer livro, onde o foco não seja  apenas romance, é justamente o fato de ter um romance por vezes clichês, roubando a cena, de maneira mau desenvolvida. Porém talvez nesse caso muitos leitores concordem comigo que valeria um pouco mais de destaque para o “romance”. (Micro Spoiler) já que se trata de um romance representativo LGBT+ tão fofo e suave, que deixou uma curiosidade pelo desenrolar. Não é um grande Spoiler, já que é com a chegada de Nádia, que a estória começa a criar forma.

É muito bom ver que os contos estão finalmente sendo rescritos, de forma mais real. E menos bizarras. (sou fã de coisas Dark). Mas vamos concordar que no geral contos de fadas, são tudo menos isso.  Sem falar que é mais legal ainda quando o amor e respeito são naturais, e o mais importante nos livros. Isso me faz vê muitos problemas em outros livros de literatura fantásticas. Mas temos que partir de algum ponto.

O livro Garotas de Neve e Vidro veio para remodelar a maneira como estamos acostumados a vermos as estórias clássicas de contos de Fadas. E criar um ambiente mais saudável para as próximas gerações. Mostrando que mesmo que em um livro alguém não seja bom, existe muito mais nuances, e que nem por isso significa que sejam necessariamente ruins.
Por essa razão e tantos outros o livro Garotas de Neva e vidro é um livro de fantasia espetacular. Rápido, bem escrito e super envolvente. Deixo aqui minha recomendação, desse novo clássico dos contos de Fadas.

Autor(a): Melissa Bashardoust
Ano: 2018 
Páginas: 424
Idioma: português
Editora: Plataforma21


Série Anne With an "E"




No universo literário existem adaptações para filmes e series que dão raiva em qualquer fã de livros.  Vemos vários exemplos disso em sites e redes sociais. Fãs das obras originais se revoltam quando sua obra favorita é mal adaptada. Exemplos disso são as várias adaptações dos livros de Stephen King, que o próprio autor odeia a maior parte. Talvez o exemplo mais famoso seja do livro o Iluminado.  Que King detesta (O que em minha opinião é compreensivo) pelas mudanças bruscas no roteiro. Mudanças essas que tiram o peso emocional em vários momentos.  Outro exemplo muito famoso é do Livro A bussola de Ouro. Existe uma adaptação para cinema muito famoso, baseado na Trilogia Fronteiras do universo. Mas o filme estrelado pela atriz Nicole Kidman, deixou vários fãs da obra literária revoltando, por suas várias mudanças, se comparada ao livro ao qual foi baseado.
Esses exemplos é parte de um leque de escolhas que por vezes são muito ruins. Todo fã de obras literárias sonham em assistir uma adaptação visual digna de sua obra original. 
Eis que nesse quesito são poucas que conseguem transmitir ou até ultrapassar a qualidade literária.  Portanto é importante destacar quando a obra visual chega ao nível da obra literária. 
E o melhor exemplo atualmente, é a serie Anne With an "E". Série distribuída pela Netflix. Que ganha em todos os aspectos (ao menos  para mim) em questão de como uma série pode ser bem feita. Temos aqui elementos de encher os olhos, o figurino, as atuações, trilha sonora. E claro não posso deixar de mencionar a abertura. Que está no meu top 5 de aberturas de série. 
Anne With an "E" é uma série canadense de drama e aventura, baseada no livro ‘Anne de Green Gables’. Lançada em 2017 exclusivamente na Netflix.
Mais do que trata Anne With an "E"? A série conta a estória de Anne Shirley (que dá o titulo a série). 
Uma garota que cresceu em um orfanato e que ao início da série é mandada por engano para casa dos irmãos Cuthbert, Matthew e Marilla, que já estão na meia idade. Digo engano, pois a princípio fica claro que eles  solicitaram um menino ao orfanato, para que esse pudesse servi de ajuda na fazenda. 
No inicio da série somos introduzidos aos dramas da chegada de Anne a Green Gables. E se a mesma permanecerá ou não. Com o passar dos episódios. A estória de Anne é desenvolvida, mas não só a dela como de tantos outros personagens que são apresentados.  Muitos dramas e estórias de vidas são aos poucos desenvolvidos.  Anne tem a magia da imaginação, é muito inteligente e articulada. Tem uma personalidade forte, e adora falar e especialmente ler. Vai cativando aos poucos os moradores da cidade.  Mas o que parece ser tão superficial  vemos  aos poucos que não é assim, na primeira temporada (atualmente foi lançada a segunda temporada) vemos todo o desenrolar da aceitação dos moradores locais, ao fato de uma órfã, agora fazer parte de sua comunidade. Fica bem claro as questões sociais, e questões sobre aparências, e imposições da época. Também é aos poucos abordado o passado de Anne, parte muito dramática da primeira temporada e um pouco mais aprofundada na segunda, realmente estou curiosa em vê como irão aborda na terceira.  Já foi confirmada uma terceira temporada. Anne With an E ganhou os corações dos assinantes e não assinantes da Netflix. Não é para menos a serie é linda e muito bem produzida. A atriz  Amybeth McNulty que  interpreta a Anne, é magnífica. 
Podemos vê aos poucos abordagens de temas importantes, que não são forçados e tão pouco mau trabalhados.A série já conseguiu inserir de forma sutil e orgânica, questões sobre machismo, bullying, complexos de inferiodade e auto-estima, racismo e homofobia. Tudo no tom certo. É muito bom vê o cuidado que existe no enredo. Enche os olhos e ouvidos. 
Claro que o maior destaque é a junção de arte de todas as formas. Anne é apaixonante e apaixonada pela vida, suas belezas, sons e poesias. Isso é transmitido para os espectadores. E de uma forma ou de outra também desenvolvemos amor por essas coisas. 
É muito difícil falar da série sem ser tendenciosa ao meu gosto particular. Porém devo ressaltar que é o tipo de série que quase todo mundo vai amar. Por um motivo ou outro. 
Segue a indicação dessa maravilhosa obra visual. E realmente espero que alguém possa apreciar toda sua beleza. 


Primeiro episódio: 19 de março de 2017
Tema musical: Ahead by a Century
Número de temporadas: 2
Número de episódios: 17

Resenha: Se você pudesse ser Minha

Se Você Pudesse ser MinhaUm amor proibido pode colocar a vida de duas garotas em risco. Sahar e Nasrin são apaixonadas desde pequenas. Mas o Irã é um lugar perigoso, e elas podem ser espancadas, presas e até executadas se o relacionamento entre elas for descoberto. Tudo é mantido em segredo até que os pais de Nasrin anunciam que escolheram um noivo para a filha. Sahar fica desesperada e vai atrás de uma solução. No Irã a homossexualidade pode ser um crime, mas um homem aprisionado no corpo de uma mulher é algo visto como um erro da natureza e a mudança de sexo é um procedimento legal e acessível. Como homem, ela poderia se casar com Nasrin. Será que vale a pena sacrificar o seu verdadeiro eu para salvar o amor da sua vida?






Embora esteja acostumada em ler livros de vários gêneros. De vez em quando me deparo com alguns que me causam um impacto, seja positiva ou negativamente.
O livro “Se você pudesse ser Minha” é um deles. Como deve dá pra notar, esse é um livro LGBT+, e sempre me incomodo com essa classificação. Pois, tenho pra mim, que livros LGBT+ ou não, devem ser apenas classificado como livros. Criar essa distinção só reforça uma ideia que alguns já têm, que esses livros são única e exclusivamente, para esse público especifico. E logico que não serei hipócrita, em desconsiderar a importância da TAG, ela existe afinal para que o público LGBT+ saiba que naquela obra, ele irá de alguma forma se identificar. E sabemos o quanto é raro isso no meio literário. E porque estou tocando nessa questão?
O motivo é simples, muito embora role a identificação de uma parte do público (no caso LGBT+) sobre o drama de amar em um cenário perigoso para se amar, pessoas do mesmo sexo, ou no caso amores impossíveis. Esse livro trás o exercício de olhar pela visão do outro. Digo isso, pois, a personagem Sahar expõe como não somente é difícil ser lésbica, como também é tão difícil quanto ser apenas mulher no irã.
O livro transcorre sobre a visão de Sahar, e é sobre esta visão que percebemos o quanto ela é apaixonada por sua amiga de infância, Nasrin. Amor esse que existe desde os 6 anos de idade.  E que fez com que Sahar tivesse certeza que era com Nasrin que ela queria casar. E  que embora seja correspondido. Vemos que ela deixou de lado por muitos anos, o fato que elas viviam em uma sociedade machista. Não tenho intenção de transformar a resenha no tema feminismo e tal. Mas é inevitável parecer de alguma forma assim. É engraçado de maneira trágica, que como Brasileiros estamos sempre esquecendo que em algumas parte do mundo, como o irã, uma menina em seus 17 anos, é obrigada a casar, pois os pais, escolheram se marido de 30, 40 anos ou mais velho. É mais chocante ainda ler que é uma realidade, que essas meninas/mulheres, podem ser presas, espancadas ou mesmo estupradas, por simplesmente, está andando com o cotovelo, ou cabelo a mostra e que por isso elas podem pagar o preço que citei antes. 
O livro trata de um amor que não pode ou não deve continuar, por ser considerado, crime e pecado.
Também mostra como é mais fácil aceitar o fardo de uma “tradição” seja por medo de aceitação ou segurança. Sahar, passa o livro todo lutando, pelo seu amor, por sua vida, e individualidade, como ser humano.  Fazendo de tudo para que ela e Nasrin fiquem juntas. Cogitando até se submeter uma cirurgia de mudança de sexo.  Já que no Irã aparentemente, ser transexual, não é pecado, logo também não é crime. O interessante nisso tudo é que com isso temos uma visão do drama que um transexual também sofre. E de uma maneira o de outra, captamos as diferenças entre alguém que se sente preso no corpo errado, comparado com alguém que ama uma pessoa do mesmo sexo. O irônico na narrativa é perceber momentos de preconceito em relação a homossexuais da parte de transexuais, sendo que ambos estão em teoria no mesmo patamar de marginalização. E que esse preconceito só ocorre por questão da fé e religião. Novamente entrando na questão de tradições e cultura iraniana.
O livro é curto e rápido, conforme vamos avançado, temos um vislumbre de como irá terminar, sendo que neste caso, fica uma sensação amarga de perda em alguns aspectos.
Porém o livro “Se você pudesse ser minha” é recomendado por vários fatores, seja por choque de realidade, seja por identificação pessoal, ou mesmo como exercício de empatia. Sinceramente existem livros que recomendo que todo mundo leia, e esse é sem sombra de dúvidas um deles.

Autor(a): Sara Farizan
Ano: 2016  
Páginas: 232
Idioma: português 
Editora: Jangada