quarta-feira, 10 de maio de 2017

Dançando sobre cacos de vidro.


Lucy Houston e Mickey Chandler não deveriam se apaixonar. Os dois sofrem de doenças genéticas: Lucy tem um histórico familiar de câncer de mama muito agressivo e Mickey, um grave transtorno bipolar. No entanto, quando seus caminhos se cruzam, é impossível negar a atração entre eles. Contrariando toda a lógica que indicava que sua história não teria futuro, eles se casam e firmam – por escrito – um compromisso para fazer o relacionamento dar certo. Mickey promete tomar os remédios. Lucy promete não culpá-lo pelas coisas que ele não pode controlar. Mickey será sempre honesto. Lucy será paciente.Como em qualquer relação, eles têm dias bons e dias ruins – alguns terríveis. Depois que Lucy quase perde uma batalha contra o câncer, eles criam mais uma regra: nunca terão filhos, para não passar adiante sua herança genética.




   Falar sobre este livro e não dizer o quanto ele quase destruiu meu coração é difícil. O livro é narrado sobre o ponto de vista de Lucy e Mickey. Ambos os personagens principais. E inicia contando desde o momento em que os dois se viram e se apaixonaram, até todo o desenvolvimento da gravidez de Lucy, (e isso não é Spoiler). Todas as internações de Mickey por conta da sua Bipolaridade, e como Lucy teve que lidar com isso ao longo dos 11 anos de casamento deles. Mostra também parte da maneira como outras pessoas vêem a bipolaridade do Mickey, com um pouco de preconceito. Essa visão fica a cargo das irmãs de Lucy, Priscila e Lily, enquanto Priscila acredita que Lucy não devia ter casado com Mickey, pois ele é doente mental, na visão dela. Lily acredita que a irmã é uma santa e Mickey é muito sortudo por ter ela como esposa. Passando um pouco a visão das pessoas ao redor, sobre pessoas que possuem algum transtorno e essa visão pode ser um pouco limitada. Mas o maior foco do livro não é este. A verdade é que toda a narrativa tem como função apresentar em parte como funciona a mente de uma pessoa bipolar e como às vezes o casamento pode ser muito complicado, pois não se trata apenas da bipolaridade de Mickey, trata-se também do histórico da família de Lucy, toda sua família tem histórico de câncer, a própria Lucy, sofreu com o câncer e quase morreu, motivo pelo qual, tanto ela como suas duas irmãs Lily e Priscila decidem nunca ter filhos, visto que as três perderam tanto a mãe, como a tia, e avô para o câncer.
  A narrativa do livro cria uma crescente sensação de envolvimento, pois estamos ao mesmo tempo na mente de Lucy, em sua visão de amor incondicional pelo Mickey. Luta contra o gene do câncer, e amor pelas irmãs.  Ao mesmo tempo que vemos pelo ponto de vista de Mickey, sua luta contra a bipolaridade, tentativa de parecer minimamente normal e controlado, amor incondicional pela Lucy, e tentativa de se mostrar digno do amor dela. 
No meio disso tudo em uma consulta de rotina para descobrir se o câncer de Lucy retornou, Lucy acaba descobrindo que está grávida. Deste ponto em diante o livro ganha um peso dramático a mais, pois teremos a visão de ambos, Mickey e Lucy diante da novidade totalmente inesperada, ambos tinham o sonho de serem pais, porém por todos os motivos citados, o sonho foi morto e a vontade teve que ser enterrada às setes chaves, pois nenhum dos dois gostaria de ser responsável de passar a diante uma genética dessas. Mas como o destino é irônico, o que era improvável acontece. Como disse, isso torna o livro muito mais dramático e tenso. Temos então a visão de duas pessoas, que tem a vontade, mas ao mesmo tempo o medo de formar uma família, por conta de seus problemas de saúde, e das conseqüências que todas as decisões a partir de agora terá. Para Lucy não se trata mais só dela, pois desde o momento que ela encara que terá um filho/filha seu extinto materno fala mais alto. Para Mickey é muito mais complicado, pois o medo, que envolve perder a esposa, filho/filha, assim como sua responsabilidade como futuro pai,  e medo de não conseguir ser um bom pai, o deixa paralisado, e quase faz ele ter uma nova crise. Tudo isso torna o livro Dançando Sobre Cacos de Vidro único e especial, o final é de arrasar até o coração mais duro. Eu mesma não tenho costume nenhum de chorar em livros, e nesse tive que conter as lagrimas, de maneira que tive que parar e tomar uma água para de fato não chorar.  Este livro meche demais com as emoções, é super recomendado para quem gosta de livros com carga super dramática, e estórias lindas e tristes.  5 estrelas sem duvidas!


Autor: Ka Hancock
Ano: 2013 
Páginas: 336
Idioma: português  
Editora: Arqueiro



sexta-feira, 5 de maio de 2017

Resenha: Menina Má


Menina Má
 Rhoda, a pequena malvada do título, é uma linda garotinha de 8 anos de idade. Mas quem vê a carinha de anjo, não suspeita do que ela é capaz. Seria ela a responsável pela morte de um coleguinha da escola? A indiferença da menina faz com que sua mãe, Christine, comece a investigar sobre crimes e psicopatas. Aos poucos, Christine consegue desvendar segredos terríveis sobre sua filha, e sobre o seu próprio passado também.

MENINA MÁ é um romance que influenciou não só a literatura como o cinema e a cultura pop. A crueldade escondida na inocência da pequena Rhoda Penmark serviria de inspiração para personagens clássicos do terror, como Damien, Chucky, Annabelle, Samara, de O Chamado, e o serial killer Dexter.





O livro Menina Má é um relançamento da editora Darkside lançado pela primeira vez em 1954, o livro foi um sucesso imediato por trazer um tema totalmente diferente e chocante para época. Tendo uma adaptação para teatro e cinema em 1956. Com um nome em português de Tara Maldita ou A semente Maldita. Trata-se de uma estória inovadora mesmo para os dias de hoje 2016, pois não é muito fácil encontrar livros que trazem como premissa crianças psicopatas. 

Com uma narrativa em 3º  pessoa somos apresentados à personagem de Christine Penmark e sua filha Rhoda, uma garotinha linda de 8 anos. Christine é casada com Kenneth, que é da marinha, e encontra-se em viajem a trabalho. Ficando então apenas mãe e filha.

 Rhoda por sua vez tem uma personalidade difícil de definir, pois ao mesmo tempo em que parece doce e gentil, às vezes Christine acredita que a menina parece fria e indiferente a tudo e todos. Rhoda não só é obediente como também perfeita em todos os aspectos, sempre busca ser a melhor em tudo, querendo sempre se sobressair na escola ou em qualquer outra atividade, de maneira que nem mesmo precisa que sua mãe mande arrumar seu quarto ou qualquer outra coisa.  Os problemas começam quando Rhoda não consegue ganhar a medalha de melhor caligrafia, que ela queria muito. E em um dia de passeio da escola, o menininho que ganhou no lugar dela, sofre um misterioso acidente e morre. A partir daí temos vários acontecimentos que semearam a desconfiança no coração de Christine. Que passa a desconfiar que sua filha seja a culpada pelo que ouve e ainda por outros fatos ocorridos. 

A maneira como a estória é contada é brilhante, o autor soube trabalhar bem o desenvolvimento dos personagens. Christine não é idiota e desempenha bem o papel de investigadora.  Rhoda apesar de ser o cerne da estória como vilã, é muito bem desenvolvida. E fiquei intrigada em vários momentos com a genialidade maléfica da menina.  O livro consegue mostrar bem esse lado de como psicopatas pensam e sentem de maneira diferente, e são inteligentes acima da média. Pois é bem nítido como a pequena consegue criar planos e manipular as pessoas ao seu redor. Ela percebe como os outros querem que ela haja e age exatamente como o esperado. Mas também comete alguns deslizes de ação, que são perdoáveis pela pouca idade dela. Mostrando como ao longo dos anos, ela poderá aperfeiçoar e manipular ainda melhor. Interessante também o fato de que apesar de tudo, Rhoda não consegue fingir tão bem assim, já que não só sua mãe como  também outros personagens veem a personalidade dela como perturbadora. 

O livro cria um nível de mistério e tensão que só vai crescendo ao longo da trama, fazendo o leitor ficar vidrado e não querer parar de ler até descobrir como Christine vai resolver o problema que tem em mãos.  Com vários pontos de desenvolvimento a cerca do tema principal, a psicopatia. Temos narração de muitos recortes sobre assassinos em série e coisas do gênero. 

Devo confessar que gostei bastante do livro e achei o final um tanto esperado, mas ao mesmo tempo inesperado. Acredito que o livro merecia uma nova adaptação para os dias de hoje. Pois com certeza iria trabalhar melhor o clima de mistério e suspense.  

Aproveitei e vi o filme adaptado de 1956 para comparar com o livro, e devo dizer que foi bem adaptado para época. Com umas mudanças, que não esperava, como o fato de o marido de Christine (Kenneth) aparecer logo  no inicio do filme e falar com ela ao telefone, e também o pai dela que está vivo ( no livro o pai já está morto, o que colabora para o mistério ser maior, pois Christine tem duvidas sobre o passado que somente o pai poderia sanar). Achei a escolha bem interessante, vi como uma mudança positiva, já que a tecnologia e recursos eram limitados na época e essa foi uma solução. Visto que várias cenas do livros se passavam em outros lugares.  Fica a dica, assistam ao filme depois de ler o livro com certeza será uma experiência mais completa.

    Autora: Ka Hancock
Ano2016 
Páginas: 272
Idioma: Português 
EditoraDarkSide® Books