sexta-feira, 3 de junho de 2016

Resenha : O Exorcista

  • O mal toma várias formas e a literatura e o cinema parecem se desafiar a criar inúmeras personificações desse mal. Seja com monstros, formas deformadas de nós mesmos, ou demônios, a indústria do entretenimento sempre foi bem-sucedida em representar a essência do nosso lado mais reprovável. O exorcista, no entanto, conseguiu ultrapassar esse limite. Inspirado em uma matéria sobre o exorcismo de um garoto de 14 anos, o escritor William Peter Blatty publicou em 1971 a perturbadora história de Chris MacNeil, uma atriz e mãe que está filmando em Georgetown e sofre com as inesperadas mudanças de comportamento de sua filha de 11 anos, Regan. Quando a ciência não consegue descobrir o que há de errado com a menina e uma nova personalidade demoníaca parece vir à tona, Chris busca a ajuda da Igreja no que parece ser um raro caso de possessão demoníaca. Cabe a Damien Karras, um padre da universidade de Georgetown, salvar a alma de Regan, enquanto tenta restabelecer sua fé, abalada desde a morte de sua mãe. Em O exorcista, Blatty conseguiu dar ao demônio a sua face mais revoltante: a corrupção da alma de uma criança. A jovem Regan é, ao mesmo tempo, o mal e sua vítima. Ela recebe a pena e a revolta dos leitores e espectadores em doses equivalentes, e mesmo quarenta anos depois, seu sofrimento e o abismo entre o que ela era e o que se torna continuam nos atormentando a cada página, a cada cena. Até que , descobrirmos que não se trata apenas de uma simples história sobre o bem contra o mal, ou sobre Deus contra o demônio, mas sobre a renovação da fé.

  •   O Exorcista é um livro reconhecido e aclamado, creio que em boa parte do mundo. E chegado ao fim de sua leitura, acredito que entendi o motivo. Com uma leitura fluída e eletrizante somos inseridos nesse enredo bem elaborado. O livro é baseado em uma história real, e ao longo da leitura fiquei imaginado qual a porcentagem de realidade que o autor utilizou para escrever o livro. Digo isso, pois devo apontar alguns fatos, como por exemplo, os conflitos internos de um dos personagens principais, o padre Karras. Que ao longo do livro fica claro que não possui mais fé em Deus. Este fato para mim é o melhor do livro, já que creio que ao escrever o livro o autor tinha a intenção de propositalmente levantar algumas questões, o conflito entre ciência e religião, que é um tema bem polêmico. Esta é a sacada do autor, colocar um padre que ao longo de sua vida passou a acreditar mais na ciência que envolve os fenômenos paranormais, ao invés de acreditar no sobrenatural, que seria o natural, já que ele é padre, talvez como ele disse, por ser um psiquiatra e tenha aprendido como funciona a mente humana ele tenha passado a crêr mais no que pode ser explicado com lógica, do que com o que não possui explicação racional. Além disso, também possui outros personagens como a Chris mãe da Regan (A menina que fica possuída), que passa a desempenhar um papel invertido com o padre Karras, já que aparentemente para uma pessoa ateia ela possui mais fé no sobrenatural do que o padre, Chris passa um bom tempo debatendo com o padre sobre sua filha Regan necessitar de um exorcismo, e o padre Karras tentando convence - lá que não. 

  • “— Se uma pessoa estiver possuída por um tipo de demônio, como o senhor faz para conseguir um exorcismo?
  • Karras desviou o olhar, respirou fundo e voltou a olhar para ela.
  • — Bem, em primeiro lugar, a senhora teria que pôr essa pessoa numa máquina do tempo e enviá-la de volta ao século XVI.”

  •   E digo que para mim, pelo menos, essas são as melhores partes do livro. Percebi de cara que o intuito do livro, é mostra que todos, enquanto humanos estamos sujeitos a provações, falhas e pecados, e que nem mesmo os padres escampam disso, afinal de contas eles também são humanos como nós.
  • Encarei com bom humor boa parte dos diálogos, exceto, lógico, os que envolvem a Regan, já que ela está possuída. 

  • "Padre Karras: — Afinal, possuída por demônios? Certo, ouça: digamos que seja verdade e que isso aconteça às vezes."

  •  Diferente de muita gente que afirmou que o livro é tão bom, em termos de terror que teve que doar ou se livrar do livro, eu não tive nenhum problema com isso, afinal para ler esse tipo de livro acredito que uma pessoa tenha que estar preparada psicologicamente, e não se deixar levar demais pelas descrições que seriam nojentas ou assustadoras. Quem for ler o livro o exorcista e tiver mente fraca, aconselho antes refletir bem, e se preparar psicologicamente, pois pessoas muito sugestionáveis ou sensíveis podem achar o livro pesado. Focar no que é reflexivo e importante é uma boa ideia, pois o livro o Exorcista é sim, sobre possessão, mas acima de tudo é sobre no que você acredita ou não, ciência, fé, etc. Onde começa e onde termina o conhecimento da ciência, e principalmente sobre seres humanos, em todos os seus erros, acertos e pecados. Este livro não é apenas para quem acredita em Deus, ou possui uma religião. É para todas as pessoas que querem ler um bom livro, que talvez possa ajudar a perceber, que nós enquanto seres humanos somos falhos. Para finalizar devo ressaltar que nenhum personagem é jogado à toa nesse livro, todos desempenham suas funções perfeitamente. Poderia ficar aqui falando sobre cada um, mas aconselho a lerem o livro e tirar suas próprias conclusões.
    Este livro é sem sombras de dúvidas leitura obrigatória para quem gosta desse tipo de gênero.   




  • Capa comum: 336 páginas
  • Editora: Casa dos Livros; Edição: 1ª (1 de junho de 2015)
  • Autor (a):William Peter Blatty 





  • Resenha: Passarinho



     O avô de Jóia parou de falar no dia em que seu irmão morreu. O menino se chamava Jhon, e vivia subindo e saltando do alto de qualquer coisa, por isso seu avô o apelidou de passarinho. Passarinho se jogou do penhasco bem no dia em que ela nasceu. E Jóia cresceu em uma casa cheia de silêncio e segredos. Durante muitos anos ela foi praticamente ignorada pela sua família, em sua casa só existia tristeza. Tudo que ela fazia para chamar a atenção dos seus pais era inútil, Jóia sentia que tinha muitas coisas para serem ditas.   Até que , no seu aniversário de doze anos ela conheceu um garoto em cima de um carvalho, que ela gostava de ir a noite para pensar, esse garoto se chamava Jhon. 
      Jhon se tornou seu melhor amigo, alguém para dividir seus segredos. O avô de Jóia achava que Jhon era um Duppy ( espirito do mal que veio para atrapalhar suas vidas ), e que também tinha sido um Duppy que fez com que passarinho saltasse. Depois que Jhon apareceu em suas vidas muita coisa mudou. E finalmente uma maldição foi quebrada.

      Essa estória é muito interessante, pois fala dos conflitos de uma garota de doze anos que sempre teve aniversários tristes. Jóia era uma menina forte, inteligente e independente. Em sua luta constante para chamar a atenção de seus pais, Jóia é totalmente diferente das garotas de sua idade. Pra começar ela era uma mistura multicultural, metade jamaicana, um quarto branca e um quarto mexicana, onde seus pais tinham crenças diferentes, isso por si só já chamava a tenção das pessoas. Ela gosta de subir em árvores, correr na chuva e sonha em ser geóloga. Ama a terra e pedras, e é através desse amor que busca um refúgio, onde enterra todos os seus medos e frustrações. As suas idas  secretas ao penhasco onde seu irmão morreu, e onde se desenvolve boa parte da história, torna a magia do livro bem mais interessante. Seu amigo Jhon também não deixa de fazer sua parte na estória, ajudando Jóia a enfrentar seus medos, seus pais e o preconceito das pessoas da cidade. E por falar em cidade, o lugar onde ela vivia é  muito pequeno, ou seja, todo mundo sabe da vida de todo mundo. E todo mundo sabia da história da família de Jóia, e a via como uma família amaldiçoada, o que tornava as coisas ainda mais difíceis para ela. O avô de Jóia no inicio não tem grande destaque, mais a partir do momento em que ela consegue se aproximar dele, ele acaba tendo também uma importância muito grande na estória, aliás é ele quem presencia umas das cenas que mais me tirou o fôlego.


    " Por que tentar fazer alguém compreender certas coisas pode levar mais que uma vida, enquanto outras pessoas leva apenas poucos instantes?"



      O livro é muito fluído, leve e de rápida leitura. Me envolvi tanto nessa estória que parece que fazia parte dela. É muito bom ler um livro que te causa várias emoções, pois com ele fiquei triste, alegre, ri, senti pena de Jóia, raiva dos pais dela por simplesmente viver na lembrança de Passarinho e deixá-la de lado. Sem contar que sua capa é linda e simples. Para a primeira obra da autora, acho que ela se saiu muito bem, e com certeza alcançou o objetivo que esperava atingir no público.

    Autor(a): Crystal Chan
    Páginas: 224
    Ano de Publicação: 2014
    Editora: Intrínseca

    Resenha: O menino que via Demônios


    Autora de "O diário do anjo da guarda", a irlandesa Carolyn Jess-Cooke se volta para seres menos iluminados, mas tão fascinantes quanto, em "O menino que via demônios". O romance conta a história de Alex, um garoto de 10 anos que, desde a morte do pai, tem como melhor amigo um demônio de nove mil anos. Após a tentativa de suicídio da mãe, Alex conhece Anya, uma psiquiatra infantil que sofre com a esquizofrenia da própria filha. Ao longo do tratamento de Alex, porém, Anya passa a questionar suas próprias certezas: seria ele esquizofrênico ou o garoto realmente é capaz de ver demônios?






      Primeiro Livro da autora que leio e devo confessar que já virei fã. Seguindo a vibe de leitura meio terror, meio sobrenatural. E cansada de lê livros YA, ou romance água com açúcar. Resolvi pegar o Livro "O menino que via Demônios" para lê, depois de ver inúmeras resenhas positivas no Skoob. De Cara a premissa do livro e a capa me cativaram, afinal o tema foge um pouco da regra do usual, no cenário  editorial atual. Onde romances e triângulo amorosos predominam. O melhor de tudo foi perceber que minhas expectativas foram atingidas e ultrapassadas, pois este livro já entrou para a lista dos meus favoritos já na metade de 2016.
      Sobre a trama, como a sinopse diz, Alex tem capacidade de vê demônios. Curiosamente somente demônios, não anjos. Ele presencia uma cena que nenhuma criança deveria passar. E por conta disso acaba sendo internado no hospital psiquiátrico, pois os especialistas acreditam que ele seja esquizofrênico. Em contra partida temos à doutora Anya que é psiquiatra  e que também passou por um trauma muito grande, por conta de sua filha que tinha esquizofrenia. Anya, vê em Alex os mesmos sintomas que sua filha tinha, e acredita que tem que ajudar o menino de qualquer forma.
       Ao longo do livro vamos percebendo que não só Alex, como também Anya sofre com seus demônios. Alex possui um demônio como melhor amigo, e é este demônio que vai fazer boa parte do livro interessante, pois como somos apresentados ao ponto de vista de Alex, que acredita ser real à existência de demônios. Nós enquanto leitores, também ficamos vendo e acreditando na existência deles.  Por outro lado, Anya como profissional, crê que é tudo delírio e por este motivo sempre busca métodos científicos para justificar os sintomas que Alex apresenta. E novamente, como leitores que vemos os dois ponto de vista, acreditamos que tanto Alex, como Anya podem ter razão. 
      Mas chega um momento que teremos que decidir de qual lado ficar. E devo dizer que qualquer que seja o lado tá valendo. Pra mim a sacada da autora é  justamente essa. E é ótima, pois ela percebeu que tinha uma boa estoria para contar de maneira cativante sem ser assustadora,  e fez isso. 
      O grande mérito fica por conta da escrita que é fluída, tanto que quando começamos a ler o livro podemos terminar bem rápido. Digo isso, pois inicie o livro antes de ir para o trabalho as 12 horas e as 15 horas, já havia terminado ele. Não tem como negar que essa é uma estória que prende para quem gosta de livros com o tema sobrenatural. Mas devo ressaltar que caso alguém queira ler este livro pensado em terror vai se decepcionar, pois o livro "O menino que via demônios" tem bem pouco ou quase nada de terror. Caso a pessoa já tenha lido mais livros do gênero, como: O iluminado, ou mesmo O exorcista.  Vai achar este livro bem fraco neste quesito. Mas não se enganem, pois este é mesmo um livro excepcional. Pretendo ler em breve os outros livros da autora. 




    Autor (a): Carolyn Jess-Cooke
    Ano: 2013 
    Páginas: 384
    Editora: Rocco