sexta-feira, 3 de junho de 2016

Resenha: Passarinho



 O avô de Jóia parou de falar no dia em que seu irmão morreu. O menino se chamava Jhon, e vivia subindo e saltando do alto de qualquer coisa, por isso seu avô o apelidou de passarinho. Passarinho se jogou do penhasco bem no dia em que ela nasceu. E Jóia cresceu em uma casa cheia de silêncio e segredos. Durante muitos anos ela foi praticamente ignorada pela sua família, em sua casa só existia tristeza. Tudo que ela fazia para chamar a atenção dos seus pais era inútil, Jóia sentia que tinha muitas coisas para serem ditas.   Até que , no seu aniversário de doze anos ela conheceu um garoto em cima de um carvalho, que ela gostava de ir a noite para pensar, esse garoto se chamava Jhon. 
  Jhon se tornou seu melhor amigo, alguém para dividir seus segredos. O avô de Jóia achava que Jhon era um Duppy ( espirito do mal que veio para atrapalhar suas vidas ), e que também tinha sido um Duppy que fez com que passarinho saltasse. Depois que Jhon apareceu em suas vidas muita coisa mudou. E finalmente uma maldição foi quebrada.

  Essa estória é muito interessante, pois fala dos conflitos de uma garota de doze anos que sempre teve aniversários tristes. Jóia era uma menina forte, inteligente e independente. Em sua luta constante para chamar a atenção de seus pais, Jóia é totalmente diferente das garotas de sua idade. Pra começar ela era uma mistura multicultural, metade jamaicana, um quarto branca e um quarto mexicana, onde seus pais tinham crenças diferentes, isso por si só já chamava a tenção das pessoas. Ela gosta de subir em árvores, correr na chuva e sonha em ser geóloga. Ama a terra e pedras, e é através desse amor que busca um refúgio, onde enterra todos os seus medos e frustrações. As suas idas  secretas ao penhasco onde seu irmão morreu, e onde se desenvolve boa parte da história, torna a magia do livro bem mais interessante. Seu amigo Jhon também não deixa de fazer sua parte na estória, ajudando Jóia a enfrentar seus medos, seus pais e o preconceito das pessoas da cidade. E por falar em cidade, o lugar onde ela vivia é  muito pequeno, ou seja, todo mundo sabe da vida de todo mundo. E todo mundo sabia da história da família de Jóia, e a via como uma família amaldiçoada, o que tornava as coisas ainda mais difíceis para ela. O avô de Jóia no inicio não tem grande destaque, mais a partir do momento em que ela consegue se aproximar dele, ele acaba tendo também uma importância muito grande na estória, aliás é ele quem presencia umas das cenas que mais me tirou o fôlego.


" Por que tentar fazer alguém compreender certas coisas pode levar mais que uma vida, enquanto outras pessoas leva apenas poucos instantes?"



  O livro é muito fluído, leve e de rápida leitura. Me envolvi tanto nessa estória que parece que fazia parte dela. É muito bom ler um livro que te causa várias emoções, pois com ele fiquei triste, alegre, ri, senti pena de Jóia, raiva dos pais dela por simplesmente viver na lembrança de Passarinho e deixá-la de lado. Sem contar que sua capa é linda e simples. Para a primeira obra da autora, acho que ela se saiu muito bem, e com certeza alcançou o objetivo que esperava atingir no público.

Autor(a): Crystal Chan
Páginas: 224
Ano de Publicação: 2014
Editora: Intrínseca