Um amor proibido pode colocar a vida de duas garotas em risco. Sahar e Nasrin são apaixonadas desde pequenas. Mas o Irã é um lugar perigoso, e elas podem ser espancadas, presas e até executadas se o relacionamento entre elas for descoberto. Tudo é mantido em segredo até que os pais de Nasrin anunciam que escolheram um noivo para a filha. Sahar fica desesperada e vai atrás de uma solução. No Irã a homossexualidade pode ser um crime, mas um homem aprisionado no corpo de uma mulher é algo visto como um erro da natureza e a mudança de sexo é um procedimento legal e acessível. Como homem, ela poderia se casar com Nasrin. Será que vale a pena sacrificar o seu verdadeiro eu para salvar o amor da sua vida?
Embora esteja acostumada em ler livros de vários gêneros. De
vez em quando me deparo com alguns que me causam um impacto, seja positiva ou
negativamente.
O livro “Se você pudesse ser Minha” é um deles. Como deve dá
pra notar, esse é um livro LGBT+, e sempre me incomodo com essa classificação.
Pois, tenho pra mim, que livros LGBT+ ou não, devem ser apenas classificado
como livros. Criar essa distinção só reforça uma ideia que alguns já têm, que
esses livros são única e exclusivamente, para esse público especifico. E logico
que não serei hipócrita, em desconsiderar a importância da TAG, ela existe
afinal para que o público LGBT+ saiba que naquela obra, ele irá de alguma forma
se identificar. E sabemos o quanto é raro isso no meio literário. E porque
estou tocando nessa questão?
O motivo é simples, muito embora role a identificação de uma
parte do público (no caso LGBT+) sobre o drama de amar em um cenário perigoso
para se amar, pessoas do mesmo sexo, ou no caso amores impossíveis. Esse livro
trás o exercício de olhar pela visão do outro. Digo isso, pois, a personagem
Sahar expõe como não somente é difícil ser lésbica, como também é tão difícil quanto
ser apenas mulher no irã.
O livro transcorre sobre a visão de Sahar, e é sobre esta
visão que percebemos o quanto ela é apaixonada por sua amiga de infância,
Nasrin. Amor esse que existe desde os 6 anos de idade. E que fez com que Sahar tivesse certeza que
era com Nasrin que ela queria casar. E que embora seja correspondido. Vemos que ela
deixou de lado por muitos anos, o fato que elas viviam em uma sociedade
machista. Não tenho intenção de transformar a resenha no tema feminismo e tal. Mas é inevitável
parecer de alguma forma assim. É engraçado de maneira trágica, que como
Brasileiros estamos sempre esquecendo que em algumas parte do mundo, como o
irã, uma menina em seus 17 anos, é obrigada a casar, pois os pais, escolheram
se marido de 30, 40 anos ou mais velho. É mais chocante ainda ler que é uma
realidade, que essas meninas/mulheres, podem ser presas, espancadas ou mesmo
estupradas, por simplesmente, está andando com o cotovelo, ou cabelo a mostra e
que por isso elas podem pagar o preço que citei antes.
O livro trata de um amor que não pode ou não
deve continuar, por ser considerado, crime e pecado.
Também mostra como é mais fácil aceitar o fardo de uma “tradição”
seja por medo de aceitação ou segurança. Sahar, passa o livro todo lutando,
pelo seu amor, por sua vida, e individualidade, como ser humano. Fazendo de tudo para que ela e Nasrin fiquem
juntas. Cogitando até se submeter uma cirurgia de mudança de sexo. Já que no Irã aparentemente, ser transexual,
não é pecado, logo também não é crime. O interessante nisso tudo é que com isso
temos uma visão do drama que um transexual também sofre. E de uma maneira o de
outra, captamos as diferenças entre alguém que se sente preso no corpo errado,
comparado com alguém que ama uma pessoa do mesmo sexo. O irônico na narrativa é
perceber momentos de preconceito em relação a homossexuais da parte de transexuais,
sendo que ambos estão em teoria no mesmo patamar de marginalização. E que esse
preconceito só ocorre por questão da fé e religião. Novamente entrando na
questão de tradições e cultura iraniana.
O livro é curto e rápido, conforme vamos avançado, temos um
vislumbre de como irá terminar, sendo que neste caso, fica uma sensação amarga
de perda em alguns aspectos.
Porém o livro “Se você pudesse ser minha” é recomendado por
vários fatores, seja por choque de realidade, seja por identificação pessoal,
ou mesmo como exercício de empatia. Sinceramente existem livros que recomendo
que todo mundo leia, e esse é sem sombra de dúvidas um deles.
Autor(a): Sara Farizan
Ano: 2016
Páginas: 232
Idioma: português
Editora: Jangada
Idioma: português
Editora: Jangada